BEATRIZ IOLANDA

EMPREENDEDORISMO É O NOSSO FOCO!

Quem ajuda sobe mais na carreira

doarUm novo estudo feito pelo Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), de São  Paulo, com mais de 100 profissionais mostra que ajudar colegas de trabalho  produz efeito positivo na construção de uma rede de contatos.

Segundo a pesquisa, o exercício da cidadania organizacional — que o Insper  define como a disposição a dar um apoio que excede o escopo do trabalho para  beneficiar a companhia ou um funcionário — pode contribuir para que o  profissional que prestou o auxílio seja recomendado por colegas em projetos e  vagas de trabalho.

De acordo com o estudo, atitudes positivas direcionadas a uma equipe funcionam  melhor do que gestos direcionados a apenas uma pessoa. “Funcionários confiam  mais em quem olha para a coletividade”, diz Sean White, psicólogo e especialista  do núcleo de carreiras do Insper, um dos responsáveis pela pesquisa.

Em sua opinião, é importante prestar atenção nas demandas do grupo para reforçar  contatos. Relações estabelecidas fora do ambiente de trabalho, como em happy  hours, encontros em associações, clubes ou igrejas, também conduzem à  recomendação.

“Quem se doa para os outros tende a ter um crescimento mais rápido”, afirma  Fernando Schmitt, diretor de unidades regionais da Câmara de Comércio  Brasil-Estados Unidos (Amcham). Segundo ele, a con­s­ciên­­cia de que a  aprendizagem do grupo importa mais do que a individual é uma das características  dos profissionais de sucesso.

“Meu lema é fazer para ter, pois nada vem de graça”, diz Felipe Siqueira, de 33  anos, controller da subsidiária uruguaia da White Martins, fornecedora de gases  industriais. Felipe diz que o segredo de manter bons relacionamentos no trabalho  (e fora dele) é o comprometimento com a empresa e com os colegas de trabalho.

A receita também exige que o profissional não espere retorno imediato por sua  benevolência. Para chegar aonde chegou, Felipe assumiu alguns desafios e sempre  manteve a disposição para contribuir. Em 2011, quando era gerente interino de  controles internos na White Martins no Brasil, resolveu ser voluntário em um  projeto da empresa na Venezuela, já que nenhum dos executivos convidados aceitou  ir. Não haveria aumento de salário nem promoção, e ele teria de embarcar em uma  semana.

“Decidi ir para contribuir e mostrar que estou disposto a assumir desafios”,  afirma. Deu certo. Depois de três meses, ele voltou para o Brasil e assumiu a  gerência de uma nova área. Após um ano, foi convidado a gerenciar todas as  áreas­ ligadas a finanças na unidade da empresa no Uruguai.

Mas nem sempre essa ajuda exige sacrifícios. Ela pode estar em pequenos gestos,  como orientar alguém a organizar melhor suas pastas de e-mail ou se oferecer  para marcar reuniões e almoços. “Quando você se mostra solidário, ganha  notoriedade.

É como se estivesse acumulando créditos para outros projetos”, diz José Augusto  Minarelli, presidente da Lens & Mi­narelli, consultoria em recolocação e  aconselhamento de carreira, de São Paulo. Quanto mais disposição você tiver em  ajudar o outro e em pensar além de sua área, mais as pessoas vão confiar em você  e lembrar seu nome na hora de um novo trabalho. No fim, todos ganham.

Como contribuir

Quatro atitudes que reforçam a chamada cidadania organizacional

1. Esteja disponível

Para se destacar, é necessário ter disposição para ajudar os demais. A  capacidade técnica importa, mas o profissional que vai além de sua função pelo  bem-estar do grupo cresce muito mais do que aquele igualmente capacitado que  apenas age dentro de sua área.

“Colocar-se no lugar do outro deve permear tudo o que fazemos”, diz Christiano  Bergman, de 40 anos, gerente de pós-venda da Bematech, empresa de automação  comercial de Curitiba, que no dia a dia costuma agir dessa forma.

Segundo ele, existem muitas ações que podem facilitar a vida de quem trabalha na  mesma empresa, como se mostrar disponível para tirar eventuais dúvidas sobre  prazos, custos e processos e sempre entregar um trabalho bem-feito.

2. Faça aquilo que ninguém quer fazer

Sabe aqueles trabalhos mais operacionais que ninguém quer fazer, como marcar  reuniões ou almoços e reservar salas para eventos? Solidarizar-se para ajudar  nessas tarefas mostra que você olha para a empresa de forma geral e não se  importa em fazer atividades mais técnicas. Outra sugestão interessante é  auxiliar as pessoas a realizar essas tarefas de maneira mais rápida, se você tem  facilidade para isso.

“Sempre há um atalho que pode facilitar a vida de alguém. O Excel, por exemplo,  possibilita concluir praticamente qualquer estudo de demanda, venda, controle e  resultado”, afirma Victor Vieira, de 27 anos, gerente da rede de prestadores da  Fácil Assit, empresa de assistência 24 horas, de São Paulo.

3. Compartilhe conhecimento

Se você tem domínio sobre algum processo, como redigir propostas e navegar nas  redes sociais, ou tem facilidade em um segundo idioma, e percebe que um colega  está com dificuldade, tente ajudá-lo.

Não se trata de fazer por ele, e sim de orientá-lo. “O que para alguém é uma  dificuldade, para você pode ser algo simples”, afirma Fernando Schmitt, diretor  de unidades regionais da Amcham Brasil. Por que não ajudar um colega a finalizar  uma planilha? Isso gera empatia.

4. Saiba receber

Seja atencioso com quem chega à empresa ou muda de área. Mostrar como são os  projetos e apresentar as pessoas são atitudes simples, mas que mostram  solidariedade.

Quando ainda estava na sede da White Martins no Brasil, Felipe Siqueira se  lembra de ter trabalhado mais para ajudar uma funcionária que havia acabado de  trocar de área. “Ela ainda precisava dar atenção ao antigo setor. É uma troca”,  diz Felipe. “Quando precisei, também obtive ajuda.”

Fonte Econ.com