O novo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, assumiu o cargo nesta semana, anunciando medidas opostas as de seu antecessor, Donald Trump. Mais comprometido com a agenda ambiental e e climática, o democrata deve pressionar para que o Brasil fortaleça políticas nessas áreas.
Para o agronegócio brasileiro, especialistas avaliam que pode haver uma redistribuição das exportações de soja, com uma possível reaproximação entre EUA e China.
Em seu discurso de posse, Joe Biden demonstrou que pretende fazer um governo mais voltado ao diálogo com outros países e órgãos internacionais. De acordo com o economista José Roberto Mendonça de Barros, isso pode ser bom para o brasil.
“Trocar a força bruta, que é como o ex-presidente Trump lidava com o comércio internacional, unilateral, pelo multilateralismo e por mais educação nas relações internacionais, é um ganho enorme para todos e em particular para o Brasil, especialmente no que tange aos produtos agrícolas”, afirma Mendonça.
Desde 2017, quando Donald Trump assumiu a presidência, a relação comercial entre Estados Unidos e China ficou abalada. Neste cenário, o agronegócio brasileiro se beneficiou e alguns produtos, como a soja, bateram recordes de exportação para o país asiático. E, mesmo com a perspectiva de uma reaproximação entre as duas potências, as exportações brasileiras não devem ser prejudicadas.
“Os chineses pararam de importar a soja americana e importaram muito mais soja brasileira”, diz Mendonça. Enquanto isso, os EUA aumentaram suas exportações para a Europa e outros lugares. “Houve uma redistribuição do mercado, e a exportação brasileira eu tenho certeza que não será prejudicada. Pode haver alguma reorientação na participação dos diversos mercados”, afirma.
Nova postura em relação ao meio ambiente
Entre as prioridades de Biden a que mais deve impactar o Brasil é a nova postura com relação ao meio ambiente. O presidente democrata anunciou o retorno dos Estados Unidos ao Acordo de Paris, que tem como objetivo diminuir o aquecimento global. Com isso, os norte-americanos voltam a colocar o tema no centro da política externa.
O professor de agronegócio global do Insper, Marcos Jank, acredita que essa mudança de postura dos Estados Unidos vai pressionar o Brasil.
“A gente tem um ponto negativo que é a questão do desmatamento ilegal aqui no Brasil que ainda é muito elevado, e que a gente vai ter que estar consertando agora nesses próximos anos de qualquer jeito. Agora, todos os outros temas ligados a clima, eu vejo muito mais como uma oportunidade para o nosso país”, afirma Jank.
O país pode ser exemplo de boas práticas no campo, diz o professor. Para ele, isso pode acontecer graças ao desenvolvimento técnico da agricultura brasileira com sistemas como plantio direto e a integração lavoura-pecuária-floresta.
“A gente hoje consegue produzir 3.400 kg de soja por hectare que é 25% a mais do que produz a França, por exemplo, e ainda a mesma área sem irrigação a gente faz mais de 5.300 kg de milho. Qual o país no mundo que consegue ter essa produtividade de grãos por hectare? Eu acho que nenhum”, diz.
Para José Mendonça de Barros, o Brasil deve se tornar mais relevante a longo prazo no agronegócio. “Nós estamos prontinhos para uma acordada muito maior e mais sofisticada de crescimento, e aí não tenho dúvida, ao contrário de outros segmentos no Brasil, onde o futuro é totalmente incerto, o futuro do agronegócio, no meu ponto de vista, é brilhante”, afirma.
Fonte: G1
https://g1.globo.com/economia/agronegocios/globo-rural/noticia/2021/01/24/entenda-o-que-muda-no-agronegocio-com-a-posse-de-joe-biden-nos-eua.ghtml
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