Por Laécio Barreiros
“Estou abrindo uma minha loja virtual que vai vender bolsas, sapatos, carteiras, cintos e acessórios. Como calcular o preço de cada produto, item a item, sem ter prejuízo final? Quero vender pelo preço justo.”
Laércio Caetano
Este é um tema comum e recorrente à grande maioria dos empreendedores. Para responder esta questão, vamos primeiro revisar dois conceitos fundamentais, os quais irão facilitar o entendimento da metodologia que iremos apresentar:
Formação de preço de vendas:
Cálculo que tem por base a abrangência e cobertura de todos os custos da empresa e geração do lucro desejado. É como dizer que a partir da venda de qualquer produto você estará tirando os custos ligados à empresa, sejam eles: Custo fixo, Custo Variável ou Não Operacional e, assim, obtendo determinado lucro.
Lucro:
É o retorno positivo de um investimento feito por uma pessoa nos negócios.
Em outras palavras, para determinar e calcular o preço justo de um produto e obter um lucro consistente é necessário primeiro entender os conceitos citados e, a partir daí, traçar sua meta de remuneração do capital investido, ou seja, o “seu lucro”. A questão é: quanto eu espero que determinado produto gere de lucro para que eu invista no negócio?
Lembrando sempre que, na outra ponta, está o mercado – clientes que atuam de forma concorrencial e influenciam o preço final dos produtos. De nada adianta colocar ou desejar um preço por determinado produto se o mercado não aceita, por isso tratamos esta situação como uma variável não controlada. Você deve então colocar seu foco nas variáveis que pode e deve controlar dentro da sua empresa e da sua estrutura de formação de preços, que são os custos fixos e variáveis.
Na prática:
Primeiro você calcula a margem de lucro média que você pretende para seu negócio:
O lucro é o que sobra das vendas, menos o custo das mercadorias vendidas, menos as despesas variáveis e menos as despesas fixas, inclusive o pró-labore. Cada tipo de atividade tem uma margem de lucro. Salientamos que o lucro destina-se a remunerar o capital investido na empresa. É desejável que esse capital seja remunerado no mínimo por volta de 2% a 4% ao mês.
Exemplo:
Preço de venda | R$ 20,00 | 100% |
(-) Impostos s/Vendas | R$ 2,00 | 10% |
(-) Custo das Mercadorias Vendidas | R$ 9,00 | 45% |
(-) Despesas Variáveis | R$ 3,00 | 15% |
(=) Margem de Contribuição | R$ 6,00 | 30% |
(-) Despesas Fixas | R$ 4,00 | 20% |
(=) Lucro | R$ 2,00 | 10% |
Depois, com base na remuneração do capital desejado (lucro), você parte para o uso da técnica de cálculo do Mark-up, que é o valor desejado de margem de lucro adicionado ao preço de custo do produto.
Exemplo:
Valor de custo do produto | R$ 9,00 | 45% |
(+) Despesas Variáveis | R$ 1,00 | 10% |
(+) Despesas Fixas | R$ 2,25 | 20% |
Subtotal | R$ 12,25 | |
Mark-up intermediário | R$ 5,75 | 32% |
Impostos | R$ 2,00 | 10% |
Valor do preço final do produto | R$ 20,00 | |
Mark-up Divisor Total ( fator ) | 0,45 |
Como chegar no fator Mark-up de 0,45: ( R$ 9,00 / R$ 20,00 = 0,45 ) portanto, se ( R$ 9,00 / 0,45 = R$ 20,00 )
Recapitulando, Mark-up é um valor originalmente adicionado ao custo, portanto ao calcular seu valor devemos fazê-lo usando o chamado cálculo por dentro, ou seja, dividir pelo fator para adicionar o valor encontrado ao próprio preço.
Outro ponto fundamental que pode determinar o sucesso deste tipo de empreendimento é o Giro de Estoques, ou seja, o quanto tempo as mercadorias ficam estocadas sem serem vendidas. A velocidade com que os estoques se renovam pode contribuir com a saúde financeira da operação.
Sugiro que você leia um livro best seller chamado “A Cauda Longa” em inglês “The Long Tail” do autor Chris Anderson. É um livro fabuloso, no qual o autor aborda a nova dinâmica do marketing e vendas e como lucrar com a fragmentação dos mercados. Navega também pela evolução do comércio eletrônico (B2C e B2B), a partir de seu início, seu estágio atual e as tendências para o futuro, através dos estudos de caso do iTunes (Apple), Wikipedia, Google, Amazon.com, Yahoo, Netflix e outros. Tem um capítulo que trata da Regra do 80/20. A manifestação mais conhecida das distribuições formulada por Pareto/Zift ( Regra 80/20 ), que geralmente é usada para explicar que 20% dos produtos geram 80% das receitas, ou 20% de nosso tempo é responsável por 80% de nossa produtividade, e numerosas outras avaliações que apresentam essa característica comum de uma minoria exercer impacto desproporcional.
Bons negócios,
* Laecio Barreiros é contador com MBA em Finanças, diretor da L&Barreiros Controladoria, especializada em Planejamento, Finanças e Contabilidade para pequenas e médias empresas
Fonte: PEGN
Link: http://revistapegn.globo.com/Revista/Common/0,,EMI103096-17161,00-COMO+CALCULAR+O+PRECO+DE+CADA+PRODUTO.html
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