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O objetivo da construção de cenários é justamente o de reduzir incertezas a um conjunto restrito de alternativas mais prováveis: estabelecer futuros plausíveis e coerentes, a partir de hipóteses consistentes. Fundamentais para orientar decisões de empresários, governantes e dirigentes em geral, na sociedade e no governo, na economia e na política. O que se pode esperar de Goiás em 2035?
Depois de praticamente dois anos de fortes turbulências geradas pela pandemia da Covid-19, precisamos superar as adversidades. Os indicadores das pesquisas mensais do IBGE, fechando o ano de 2021, mostram que Goiás começou a recuperar as atividades econômicas do segmento de serviços com crescimento de 12,6% contra 10,9% do Brasil, do comércio com 10,1% frente a 18% do Brasil, mas a indústria goiana ficou devendo com queda de 4%, enquanto a indústria nacional cresceu 3,9%. Considerando o IBC-Br do Banco Central, que mede uma prévia do PIB (Produto Interno Bruto), Goiás deve fechar 2021 com crescimento de 3,5%, um ponto percentual abaixo do Brasil de 4,5%.
Segundo estimativas do Banco Central, o PIB brasileiro deve fechar em R$ 8,6 trilhões em 2021, o que eu estimo que o PIB goiano deva bater a casa de R$ 251 bilhões. A economia goiana precisa sair da posição da nona economia brasileira e agregar mais valores na sua produção de riqueza. Nossa produção industrial está muito concentrada ainda em baixa e média intensidade tecnológica, precisando avançar para média-alta e alta tecnologia. O vetor de atração de empreendimentos industriais para Goiás precisa aproveitar a força da expansão da renda proveniente do agronegócio.
Nesta direção, precisamos fazer uma leitura das mudanças na economia e na política mundiais decorrentes da globalização, da nova ordem econômica mundial que está sendo posta, cada vez mais com aplicação de conhecimento e informação, com sofisticação tecnológica. A história econômica goiana pode sofrer alterações profundas ao longo do tempo se foi realizada uma verdadeira radiografia de suas potencialidades e soluções.
Pensar 2035 é ousar porque é a idealização de um novo olhar. O planejamento estratégico nos ensina que temos rumo, capacidade de seguir certos valores e avançar mais na busca de um futuro melhor com oportunidades para todos os goianos. Goiás é um estado poroso, como dizia o velho Gramsci, permeável às mudanças e possui todas as condições objetivas e materiais de se inserir na economia nacional e internacional de forma competitiva. O cenário está lançado.
Jeferson de Castro Vieira é economista, doutor pela UnB, professor de economia e de mestrado em desenvolvimento e planejamento territorial da PUC- GO
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