Imagine a cena: você acabou de comer uma bela pizza com seus familiares e amigos e, então, recebe um SMS em seu celular. A mensagem diz que você acabou de aprovar uma transação de R$ 5.000 em seu cartão. Como pode, se você havia pedido apenas três pizzas, no valor de R$ 180? A sensação de indigestão é imediata, e é o fim de uma noite que deveria ser tranquila e divertida. Fique atento, caro leitor: há um novo golpe que está sendo aplicado nos clientes de delivery de comida.
Vamos entender as razões pelas quais os golpistas de plantão voltaram suas mentes criminosas para este segmento: 81% dos internautas brasileiros já encomendaram ou contrataram algum tipo de serviço ou produto por meio de sites ou aplicativos, utilizando um smartphone, de acordo com pesquisa realizada pelo instituto QualiBest entre 23 de julho e 16 de outubro de 2018. Metade das pessoas que responderam à pesquisa já usou o delivery de refeições, tornando-o o serviço mais requisitado, e 61% costumam realizar o pagamento com cartão de crédito ou débito. O brasileiro gasta cerca de 34,6% da sua renda com refeições preparadas fora de casa, de acordo com o instituto FoodService Brasil. No ano passado, o faturamento dos serviços de alimentação chegou a R$ 172,6 bilhões.
Uma pesquisa da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) apontou que o número de pedidos de comida via aplicativo gira em torno de R$ 1 bilhão a cada mês, e o setor já movimenta em torno de R$ 11 bilhões a cada ano. No Brasil, sempre foi um hábito pedir comida por telefone. Era comum guardar os folhetos dos restaurantes e pizzarias preferidas. A conveniência, o fato de que muitas pessoas estão indo mais cedo morar sozinhas e até um novo e até um novo conceito de habitação, em que muitas casas não têm cozinha, fizeram com que o mercado se expandisse.
O advento da tecnologia, por sua vez, o transformou completamente. Vamos explicar como funciona o golpe e o que você pode fazer para se proteger: O usuário faz um pedido usando algum aplicativo de entrega que o conecta com um estabelecimento. O entregador chega e, no momento da cobrança, disponibiliza uma maquininha com o visor quebrado ou com arranhões que impedem a visualização do valor digitado. Ele irá dizer que sofreu uma queda em uma das entregas e, por isso, o equipamento está daquele jeito.
O entregador digita um valor bem superior ao correto, e o consumidor, já envolvido com a história, digita a senha sem desconfiar que está caindo em um golpe. Há dezenas de casos sendo investigados em todas as regiões de São Paulo, por exemplo. A maquininha danificada pertence ao golpista, e não ao estabelecimento que preparou a refeição. E, para diminuir o risco de ser identificado, a conta com o valor real será paga pelo próprio golpista na maquininha certa.
Veja o que fazer se cair nesse golpe:
O mais importante é tentar recuperar o seu dinheiro. Siga estes passos:
- Ligue imediatamente para o seu banco e pergunte qual é a empresa responsável pela maquininha utilizada pelo golpista, pois é nesta empresa que ele fez o cadastro e é lá que o seu dinheiro está
- Comunique-se com esta empresa; conte o que ocorreu e peça para que façam o bloqueio do valor na conta do golpista
- Faça um boletim de ocorrência e envie-o para a empresa, juntamente com uma carta, solicitando o estorno da transação
- Caso não tenha sido possível recuperar o valor com a empresa responsável pela maquininha, e se a transação tiver sido feita com cartão de crédito, envie uma carta para o banco que administra seu cartão, juntamente com o boletim de ocorrência e o cupom fiscal da compra, solicitando o estorno por desacordo comercial (divergência de valor).
É sempre muito importante guardar os cupons fiscais. Se não houve tempo hábil para recuperar seu dinheiro com as recomendações anteriores, entenda que a empresa de delivery é a responsável por ressarcir o seu prejuízo, já que foi ela quem fez e liberou o cadastro do golpista para que ele atuasse como entregador. Ligue e relate o que aconteceu, até para que eles bloqueiem o entregador definitivamente.
Provavelmente, eles irão lhe pedir o boletim de ocorrência. Não hesite; procure por uma delegacia e faça o registro. Se a empresa lhe recusar o ressarcimento, não pense duas vezes. Acione a justiça para fazer valer os seus direitos. O Juizado Especial Cível é um ótimo caminho. Se o valor da causa não for superior a 20 salários mínimos (R$ 19.960, em 2019), você não precisará de advogado – mas é sempre bom ter um para consultar.
Algumas orientações de segurança:
Há empresas de delivery que enviam aos seus clientes os dados e até a foto do entregador. Isso é muito importante para que você tenha certeza que o entregador que se apresentou é realmente o que foi enviado pelo aplicativo.
Também localizamos, ao menos em uma das grandes empresas do setor, dicas de segurança – entre elas, uma orientação para que o consumidor tenha atenção ao pagar, que verifique se o valor está correto e, caso ocorra algum erro durante a cobrança, confira no seu banco ou celular antes de pagar novamente.
Leia as recomendações dos próprios aplicativos. Mantenha o seu cadastro atualizado no banco, principalmente o número do seu celular para recebimento de SMS a cada transação que fizer. Assim, despesas indevidas serão identificadas rapidamente.
Não deixe, sob hipótese alguma, que o entregador entre na sua casa ou condomínio. Não coloque em risco sua integridade física e a de seus familiares.
Nunca coloque a sua senha em uma maquininha que apresente algum defeito, principalmente se você não conseguir ver o valor da transação. Você evitará o golpe do delivery e outras ações criminosas similares.
Por fim, importante ressaltar que a maioria absoluta dos entregadores é composta por trabalhadores sérios e honestos. Infelizmente, uma minoria aproveitou a oportunidade para planejar e aplicar golpes.
Fonte UOL
Link: https://tudogolpe.blogosfera.uol.com.br/2019/10/01/entregadores-de-comida-aplicam-o-golpe-do-delivery/
Veja mais
Isenção de IRPF para até R$ 5 mil pode dobrar número de beneficiados
Mercado eleva previsão do PIB para 3,39% em 2024
4º Leilão Água Vermelha Mangalarga