O secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Jens Stoltenberg, negou nesta sexta-feira (3) que o Brasil possa integrar o bloco. No entanto, em entrevista à agência Reuters, ele afirmou que o país – assim como outros latino-americanos – pode se tornar “um parceiro muito próximo” do grupo.
Durante a visita do presidente Jair Bolsonaro a Washington, o norte-americano Donald Trump disse querer o Brasil como um “aliado prioritário extra-Otan” ou mesmo “membro da Otan”. No entanto, somente países da Europa, além de Estados Unidos, Canadá e Turquia, integram a aliança.
Perguntado se o Brasil poderia algum dia fazer parte do bloco, Stoltenberg negou. “Parceiros não são membros, e sim parceiros muito próximos”, afirmou.
O presidente Jair Bolsonaro e o presidente dos EUA Donald Trump fazem declaração à imprensa durante conferência na Casa Branca, em Washington — Foto: Brendan Smialowski/AFP
“Nós trabalhamos muito próximos com nossos parceiros, prática e politicamente, essa é uma maneira muito boa para reforçar a cooperação entre a Otan e países que não integram a aliança”, completou Stoltenberg.
A Otan foi fundada em 1949, logo no início da Guerra Fria, como um pacto militar dos países alinhados com os Estados Unidos. Após o esfacelamento da União Soviética em 1991, algumas nações que antes faziam parte do bloco comunista – como Polônia e Hungria – passaram a integrar a organização.
Um dos princípios da organização, hoje com 29 países, garante aos integrantes o princípio de defesa coletiva. Ou seja: um eventual ataque a um ou mais países-membros do grupo será encarado como uma agressão a todos os demais integrantes.
O caso da Colômbia
Novo edifício-sede da Otan em Bruxelas — Foto: Reuters/François Lenoir
A Colômbia recebeu status de parceiro global da Otan em 2017 – o primeiro na América Latina. O organismo tem parceria também com Austrália, Nova Zelândia e mesmo europeus que não fazem parte da aliança, como Suécia e Finlândia.
Com o status, a Colômbia e a Otan podem participar de cooperação. No entanto, os colombianos não integram o pacto de defesa coletiva, ou seja, não precisariam participar de uma ação militar dirigida por toda a aliança – nem necessariamente teria o apoio de toda a aliança caso fossem atacados.
Perguntado sobre o Brasil, Stoltenberg disse ser possível que o Brasil se torne parceiro global da Otan, mas não garantiu que isso vá ocorrer. “Bem, alguém teria de propor e o próprio Brasil teria de requerer isso. Nós acertamos com a Colômbia para que ela se tornasse um parceiro próximo, portanto é completamente possível incluir outros países da América Latina”, respondeu.
“Mas teríamos de receber um pedido expresso [dos países] da América Latina e, claro, precisaríamos discutir [a possível parceria] com todos os 29 países membro da Otan”, concluiu Stoltenberg.
Aliado dos EUA extra-Otan
O presidente Jair Bolsonaro entrega camisa da Seleção Brasileira de futebol para Donald Trump; presidente norte-americano também presenteou Bolsonaro — Foto: REUTERS/Kevin Lamarque
O status da Colômbia não é a mesma coisa que o Brasil pleiteava com Trump: o de se tornar um aliado prioritário extra-Otan dos Estados Unidos. Até porque esse título diz respeito a uma parceria militar bilateral com os norte-americanos, sem envolver a aliança internacional.
Ao entrar no rol de aliados extra-Otan dos EUA, o Brasil consegue:
- Tornar-se comprador preferencial de equipamentos e tecnologia militares dos EUA;
- Participar de leilões organizados pelo Pentágono para vender produtos militares;
- Ganhar prioridade para promover treinamentos militares com as Forças Armadas norte-americanas.
Ao todo, 17 países receberam essa classificação do governo norte-americano. Confira na arte abaixo.
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