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Na cultura econômica tragicamente praticada no Brasil cabe a nós, o populacho, a lógica crônica e superada do binário setor público “versus” setor privado o mesmo e dito “mercado”.
Dizem os neoliberais brejeiros e morenos: “onde tem Estado as coisas não andam”; que “Estado só serve para cobrar toda sorte de taxas, tarifas, emolumentos e, é claro, impostos”.
Daí não tem jeito…
…O “Estado tem e deve ser reduzido, cortado, capado e que, evidentemente, tudo seja repassado, comutado e transferido para a “muito boa e competente” iniciativa privada”.
Bom… É claro que esse convescote não serve nem para conto da carochinha; não vale para fábula, ficção, tampouco comédia.
Nem vou entrar no escabroso e escandaloso caso do fornecimento de energia elétrica nesse Goiás e realizado exclusiva e monopolicamente por certa ENEL; por recordação de nossas dores, tida como a pior – A PIOR – fornecedora de força elétrica de todas as Américas, segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL).
Como é?
É assim… Se você liga seu chuveiro quente enquanto alguém utiliza o liquidificador na cozinha no exato instante em que crianças assistem TV… Baixa uns repiques, umas oscilações de energia na sua casa.
É espantoso!
Não vou tratar da péssima qualidade de nosso sinal de internet; como professor não conto a quantidade de vezes em que, nas ditas aulas remotas, o sinal, simplesmente, “some”; imagens “congelam”; a sonoridade comumente é interrompida e ouve-se “pedaços” de falas.
Aliás, internet por aqui é cara e muito ruim.
Dados da “TELECO/Inteligência em Comunicação” contam que apenas três grupos PRIVADOS controlam 85% das conexões das bandas fixas no Brasil.
A AKAMAI Technologies, Inc. (Cambridge/Massachusetts) informa que a internet brasileira está dentre as mais lentas de todo o continente. Ocupamos a 88a. posição global no item “perenidade e velocidade”.
E o pior… Por preços que não se distinguem daqueles praticados nos Estados Unidos, na Coreia do Sul ou na França.
Nos escaninhos dos tribunais de pequenas causas existem cordilheiras de processos e denuncias contra empresas telefônicas e de internet e que não cumprem contratos, desrespeitam costumeira e habitualmente consumidores e, ao fim, nos entregam serviços vis e purulentos.
E nos alembremos, tudo coisa “privata”!
Onde está, me digam, onde está a redenção da vida social e brasileira por meio das propaladas privatizações e que nos levaria ao nirvana ou a algum mundo edênico?
Cadê?
Vivo numa “cidade-canavial” de nome Itumbiara; é, como bem dizem por aqui, um “principado” de fazendeiros, latifundiários, destruidores ambientais e, é claro, gente da direita, da ultra-direita “braba”; são, “obvius”, bolsonaristas.
Pois bem… Ao norte, estou distante 200km de Goiânia; esse trecho de BR-153 é concessão e da alçada de certa TRIUNFO CONCEBRA.
Até Goiânia são duas praças de pedágio; a primeira na saída de Itumbiara e; a segunda, na altura da cidadela de Professor Jamil.
Bom… Por esse trecho circulam milhares de veículos advindos de todas as partes do Brasil e do cone sul; são motos, carros de passeios, caminhonetes, caminhões, carretas, “bi-trens” e que, não tem jeito, tem de pagar ou… Nada feito!
É do contrato da concessão a manutenção do trecho! Isso quer dizer que serviços de roçagens reparos no asfalto, sinalizações e comunicações são da responsabilidade da Concessionária.
Qual nada…
A situação do trecho é a pior possível! São milhares de “panelas” fundas por todo o trecho, marcas de sinalização inexistem, os acidentes são frequentes, banalizados e corriqueiros e os preços do pedágio, por sinal, acabam de subir.
Lembro à guisa de melhor entendimento… A TRIUNFO CONCEBRA é PRIVADA!
Para onde foi o mundo ideal e tão ardorosamente defendido pelos neoliberaloídes brasileiros? Cadê o plano celestial e profetizado pelos arautos do desmonte estatal do país?
É cada uma…
O mundo que pensa superou faz tempo essa dicotomia abobalhada e ingênua da eterna oposição Estado/Mercado.
O dragão chinês, por sinal, combinou essas duas fundamentais instituições e dimensões da economia em torno de um muito bem definido projeto nacional e olhem… A China já é a principal economia do mundo.
Repara… Algo como setenta por cento de todos os itens industrializados do planeta são “Made in China”.
Bom… Eles souberam dar fim a essa falsa polêmica, a essa estúpida e cadavérica diferença e, não duvidem, o FUTURO é chinês. Logo… Aprendam mandarim!
No Brasil, parte considerável e importante de empresários e capitalistas paroquiais gravita, flutua cega e perdida entre a falsidade e a dissimulação das doxas de um liberalismo jurássico e descabido; a assumida e militante predação do Estado e de suas funções constitucionais, civilizacionais e públicas; bem como a mais escancarada dependência de fundos e financiamentos públicos para a manutenção diária dos seus “promissores” negócios.
A crise é, sobretudo, de ideias, conceitos e da renovação de perspectivas teóricas.
Ângelo Cavalcante – Economista, professor da Universidade Estadual de Goiás (UEG), Itumbiara
E-mail: angelo.cavalcante@ueg.br
Fone: (64) 98106-3472
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