BEATRIZ IOLANDA

EMPREENDEDORISMO É O NOSSO FOCO!

Ascensão e queda de Eike Batista

a3c3062a306221535cdb150aca4e2201_1375723493Ex homem mais rico do Brasil, o empresário mineiro Eike Fuhrken Batista não tem motivos profissionais para comemorar neste domingo, 3, seu aniversário de 57 anos. Em um ano e oito meses, viu seu patrimônio cair de US$ 34 bilhões para estimados US$ 73,7 milhões. A OGX Petróleo e Gás oficializou ontem o pedido de recuperação judicial, que é um prazo dado pela Justiça a empresas para se recurarem financeiramente sem que sejam cobradas dívidas com credores, investidores ou funcionários.

O pedido se deu em razão “da situação financeira desfavorável em que se encontra, dos prejuízos por ela já acumulados, bem como do vencimento recente e vindouro de grande parte de seu endividamento”, revelou a companhia no Fato Relevante publicado na Comissão de Valores Mobiliários (CVM). As 14 empresas do Grupo EBX dão sinal de que estão tentando se equilibrar na gangorra dos negócios. Há venda de ativos, renegociação de dívidas, demissão de funcionários e corte de investimentos.

As ações da OGX acompanharam a decaída do patrimônio de Eike. Despencaram em queda livre do ápice de R$ 15,12 em junho de 2011 para R$ 0,13 quando deixou de figurar no cálculo do índice Ibovespa, principal da BM&FBovespa.

Para o mestre em economia Ricardo Coimbra, o pedido de recuperação judicial já era esperado. “O fato de ser empresa de país emergente, que em um determinado momento mostrou-se com uma forte capacidade de alavancar recursos e gerar resultados, pode fazer com que os investidores internacionais sejam ainda mais cautelosos em investimentos a longo prazo no Brasil”, analisa Coimbra.

OGX-na-BovespaPromessa frustrada

O ex-presidente e atual conselheiro da Associação dos Analistas e Profissionais de Investimentos do Mercado de Capitais (Apimec), Geraldo Gadelha Filho, afirma que a situação da OGX é muito negativa para a segurança do mercado.  “Eike foi apresentado como o capitalismo moderno, o Brasil moderno. Mas o mercado já tem maturidade suficiente para suportar esse tipo de coisa”, ponderou Gadelha.

A Eneva (Antiga MPX), compartilhada entre Eike e E.ON, não está entre as que está mal das pernas. A empresa tem entre seus negócios duas térmicas no Complexo Industrial e Portuário do Pecém e uma Usina Solar, em Tauá.

Ações no céu

Gadelha critica o “endeusamento” de alguns empresário ou ações de empresas. “Não existe papel eterno. Único são donos do céu. Como não são vendidos, não adianta”, ironiza. Mas ressalta que a empresa pode se recuperar em médio prazo e quem tiver tido coragem pra comprar as ações a R$ 0,13, poderá ter imensos ganhos no futuro.

MEGASSALTO. Eike Batista fecha 2009 com patrimônio de US$ 7,5 bilhões. Em 2010, passa pra US$ 27 bilhões, tornando-se o 8º homem mais rico do mundo. Sustenta a colocação até 2012, quando alcança US$ 34,5 bilhões.

MEGAQUEDA. A partir do segundo semestre de 2012, o patrimônio começa a despencar e cai para mais metade do registrado no primeiro semestre. Fecha o ano com US$ 12,4 bilhões, deixa de ser o homem mais rico do Brasil e cai para 75º mais rico do mundo.

E AGORA? Em queda livre mês a mês, o patrimônio atinge em julho de 2013 US$ 4,1 bilhões, o tirando da lista dos 200 mais ricos do mundo. Logo em seguida, sai da casa dos bilhões e chega a US$ 200 milhões em patrimônio. Agora, tem US$ 73,7 milhões, com suas 14 empresas na gangorra da recuperação.

OURO. Eike Fuhrken Batista nasceu em Governador Valadares (MG), em 3 de novembro de 1956. É um dos sete filhos de Eliezer Batista (ex-ministro de Goulart). Foi vendedor de seguros porta a porta. Na década de 1980, começou a ganhar comissão de venda de ouro em Mato Grosso. Adquiriu mina com dinheiro emprestado. Em um ano, o patrimônio já era de R$ 6 milhões. Criou a Autram Aurem, origem da EBX.

MARQUEI UM “X”. A letra “X” está presente nos nomes de quase todas as empresas. Afirma ter a ver com o potencial de multiplicar os negócios. O sol, uma das principais entidades da cultura Inca, é outro elemento nas marcas das suas empresas. É para transmir poder, liderança e otimismo.

EMPRESÁRIO POP. Foi campeão brasileiro, americano e mundial na categoria Super Powerboat Offshore no início da década de 1990. Completou as 220 milhas náuticas entre Santos e Rio de Janeiro em 3h01m47s e bateu o recorde da travessia a bordo da máquina Spirit of Brasil em 2006.

“MECENATO”. Participou financeiramente da campanha para eleger o Rio de Janeiro cidade-sede das Olimpíadas de 2016. Foram doados cerca de R$ 20 milhões para a candidatura nacional. Investiu também em vôlei, MMA, hotelaria e Cinema.

Fonte: opovo.com.br